O Tribunal de Cristo

O tribunal de Cristo será estabelecido no céu, onde o Senhor se assentará como juiz.* Existem três razões principais para haver um julgamento. Primeiro, para magnificar a graça de Deus em atender às nossas necessidades como pecadores. Isso mostrará quão grande foi na realidade a nossa dívida em razão do pecado, quando os pecados e falhas de nossa vida forem manifestados. Iremos aprender quão imensa é Sua graça em passar por cima de tudo isso. A segunda razão é para que, em todas as coisas, seja revelada a perfeita sabedoria de Deus. Ele Se identificou com Seu povo. Naquela ocasião Ele responderá a todas as perguntas difíceis que tivemos acerca de nossa vida. Ele mostrará a razão porque as incômodas dificuldades foram necessárias para nossa formação. A terceira razão é para que sejam determinadas quais as recompensas (galardões) dos santos e o lugar que ocuparão no Reino. O resultado disso estimulará o eterno louvor dos santos de Deus. O caráter da sessão não será judicial. Não serão os pecados do crente que estarão em questão. Isto já foi resolvido de uma vez para sempre pela obra completa de Cristo na cruz. O conhecimento disto dá ao crente grande ousadia, uma vez que lhe assegura que não será surpreendido pelo dia do juízo (1 João 4:17). O crente pode descansar em perfeita confiança na Palavra de Deus, que é fiel e lhe diz que “não entrará em condenação” (Jo 5:24; Romanos 8:1). Mas as ações do crente (2 Co 5:10), sua obra servil executada para o Senhor (1 Co 3:9-15), seus motivos (1 Co 4:4-5; Romanos 2:15,16), suas palavras (Mateus 12:36,37), e seu exercício pessoal (Rm 14:1-12), será tudo repassado diante do santo olho do Senhor Jesus Cristo. Tudo na vida do crente será manifestado naquele dia, tanto o que praticou antes, como depois de sua conversão.** Isso revelará o que foi o ilimitado amor e a paciente graça do Senhor durante a vida do crente. Os crentes bendirão a mão que os guiou e o coração que planejou tudo enquanto aprendiam que “Seu caminho é perfeito.” Salmos 18:30.

[ Nota: *Existem dois tipos de juiz. Cristo executará juízo no caráter de ambos. Um tipo de juiz é aquele que está no caráter de alguém investido de autoridade para decretar a sentença em juízo sobre um réu culpado, por exemplo, um juiz que atua nas cortes judiciais de um país. O cristão nunca se encontrará perante Cristo neste caráter de Juiz (Jo 5:24; Romanos 8:1). O outro tipo é o juiz que atua como um árbitro, tendo conhecimento suficiente para decidir o mérito de um determinado assunto, por exemplo, um juiz de algum concurso ou exposição de arte. Este tipo de juiz avalia a qualidade e beleza de uma determinada obra em exposição. É neste segundo caráter que Cristo é visto como Juiz para com os crentes. ]

Quando eu estiver diante do trono presente,

Coberto de adornos que não conquistei;

Então ao Senhor conhecerei plenamente,

Então saberei o quanto tenho e não sei.

[ Nota: ** Alguns poderão discordar disto, mas as Escrituras (2 Co 5:10) declaram claramente que trata-se das ações efetuadas por meio do corpo, e não das ações praticadas após a conversão. Todos nós estávamos no corpo antes de sermos convertidos. Será necessário ter tudo manifestado na vida do crente, para mostrar que a inigualável graça do Senhor é tão grande que a tudo sobrepuja. Onde abundou o pecado a graça abundou ainda muito mais (Rm 5:20). Deve ser também lembrado que os santos estarão glorificados nessa ocasião e não serão manchados pelo conhecimento de tais coisas reveladas. Naquele dia aprenderemos de uma vez para sempre quão má é a carne, e isso tão somente magnificará a graça que nos buscou e nos encontrou. Ninguém estará apontando seu dedo a outrem. Todos terão sido levados para lá com base numa só coisa: graça, e tão somente graça. E então, ao descobrirmos, em meio a tudo isso, que Ele encontrará um motivo para nos galardoar, seremos vencidos por uma compreensão do Seu amor e graça de uma forma muito mais profunda do que jamais poderia ser alcançada se não fosse tudo revelado a nós. Isso irá gerar as mais altas e vibrantes notas de louvor “Àquele que nos ama e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Apocalipse 1:5). ]

Todos receberão uma recompensa. Cada um receberá o louvor vindo de Deus (1 Co 4:5; Mateus 25:21-23). Talvez existam sete coroas que serão dadas como recompensa. A coroa incorruptível (1 Co 9:25), a coroa de gozo (1Ts 2:19), a coroa de justiça (2 Tm 4:8), a coroa da vida (Tg 1:12; Apocalipse 2:10), a coroa da glória (1 Pe 5:4), a coroa de ouro (Apocalipse 4:4) e a coroa dada aos que vencerem (Apocalipse 3:11).

Todos os santos celestiais (representados nos 24 anciãos) tomarão os seus lugares em tronos ao redor do Senhor no céu e, enquanto olham para o Senhor em toda a Sua glória como Criador e Redentor, lançarão suas coroas e a si próprios aos Seus pés em adoração e louvor. Apocalipse 4:10.

As bodas do Cordeiro (Cristo) acontecerão no céu.* A esposa é a Igreja. Os convidados para o banquete do casamento serão os amigos do Esposo (Jo 3:29), os santos do Antigo Testamento. Apocalipse 19:6-10.

[ Nota: *É difícil situar com exatidão quando isso acontecerá. Será em algum momento após o tribunal de Cristo e antes da Sua vinda. ]

Tão logo o Espírito Santo e a Igreja*, cuja presença na terra tem estado a refrear as paixões dos homens, forem tirados de cena, a corrupção e a violência se estabelecerão rapidamente. A moral será desprezada como o foi nos dias de Noé e Ló (Lc 17:26-29). A iniquidade se multiplicará. 2 Tessalonicenses 2:6,7; Mateus 24:12.

[ Nota: *O povo de Deus é sal e luz neste mundo. Quando o sal (que antes da invenção do refrigerador era utilizado como conservante) for removido, a corrupção se estabelecerá. Quando a luz for embora, as trevas se derramarão. Mateus 5:13-16. ]

Após a verdadeira Igreja ter sido chamada à glória, o sistema católico romano irá aparentemente congregar muitas seitas na cristandade (citadas como sendo seus filhos – Apocalipse 2:23) em um sistema religioso corrupto chamado “Mistério (religioso), a grande Babilônia, a mãe das prostituições.” Trata-se da falsa igreja. Apocalipse 17:1,2.

Assim como a igreja de Roma buscou no passado influenciar o sistema governamental, ela entrará novamente na arena política em uma campanha para reunir as nações da Europa Ocidental e talvez alguma da América do Norte.* Países como Itália, Grã-Bretanha, França, Espanha e outros que desfrutaram da luz e dos privilégios do cristianismo sem fé em Cristo (sendo cristãos apenas nominais) estarão envolvidos na coalizão. O poder, dinheiro e influência dessas nações ajudarão a uni-las em uma confederação de dez nações identificada como sendo a Besta. A formação dessa Confederação Ocidental de nações é o renascimento do antigo Império Romano predito nas Escrituras. A ela também é feita referência como sendo a Babilônia, no seu aspecto político. Apocalipse 6:1,2 (Primeiro selo); Apocalipse 13:3; Daniel 2:41-43; Daniel 7:7,8; 7:19-27.

[ Nota: *Muitos procuram saber onde a América se encaixa na profecia. Daniel 2:43 mostra que o Império Romano, cujas raízes estão na Europa Ocidental, se misturará com “semente humana”. Sem dúvida, isto se refere à imigração dos povos da Europa Ocidental para as Américas do Norte, Central e do Sul. As Américas foram quase que totalmente povoadas pelos que vieram da Europa. Canadá tem os povos da França e Grã-Bretanha. Os Estados Unidos têm o povo da Grã-Bretanha e uma mistura de todas as outras nacionalidades Europeias. O México e outros países da América Central foram povoados principalmente pelos espanhóis. Os países da América do Sul são na maioria originários da Espanha, exceto o Brasil, povoado principalmente por portugueses. Todas estas nacionalidades são Europeias em sua origem.]

A falsa igreja de Roma (o sistema religioso) controlará o Império revivido (o sistema político) durante algum tempo. É a isto que é feita referência como sendo a mulher montada sobre a Besta. Apocalipse 17:1-13.

A cidade de Roma será a capital do Império recém-revivido, o trono imperial. Apocalipse 17:9-13.

Ao mesmo tempo Deus colocará no coração dos judeus (as duas tribos, Judá e Benjamim) o desejo de voltar à terra de Israel. Gênesis 31:3; Isaías 18.

Um poder naval (provavelmente o Império Romano recém-revivido) auxiliará os judeus em seu propósito de voltar à terra de Israel. Essa potência marítima irá causar um retorno nacional dos judeus (das duas tribos). Cerca de 13 a 14 milhões de judeus irão retornar vindos de todas as partes do mundo, somente por razões políticas, comerciais e culturais. Isaías 18; Salmos 73:10.

A grande multidão de judeus voltará em incredulidade. Serão apóstatas, havendo abandonado o conhecimento de Deus e a Bíblia. Salmos 73:8-12; 1:4-6; Isaías 17:10.

Dentre a multidão de judeus que voltam, haverá um notório remanescente temente a Deus e separado dos apóstatas por terem fé em Jeová. Eles temerão a Deus e tremerão da Sua Palavra. Salmos 1:1-3; Isaías 17:6,7; 66:2; Malaquias 3:16-18.

A esperança do remanescente judeu fiel será a vinda do há muito esperado Messias para estabelecer o Reino em conformidade com as Escrituras do Antigo Testamento. Salmos 2.

Alguns dentre o remanescente fiel, chamados de “maschilim” (“os sábios ou instruídos” – cf. anotação em Daniel 11:33 na Bíblia traduzida por J.N.Darby) irão instruir os demais nos caminhos do Senhor. Em consequência disso surgirá um testemunho para Deus ao redor de Jerusalém. Daniel 12:1-3,10.

O evangelho do Reino será pregado.* Serão principalmente os judeus que pregarão esse evangelho no início, porém mais tarde os gentios também o pregarão. Aqueles que não rejeitaram conscientemente o evangelho da graça de Deus pregado na era cristã, terão uma oportunidade de receber o evangelho do Reino. Uma grande multidão de judeus e gentios crerá no evangelho, sendo abençoada sobre a terra no estabelecimento do Reino. Mateus 24:14; Salmos 96; Apocalipse 7.

[ Nota: *O evangelho do Reino não deve ser confundido com o evangelho da graça de Deus (Atos 20:24), que os cristãos estão pregando atualmente. O evangelho da graça de Deus promete justificação pela fé em Cristo e um lar com Ele no céu por toda a eternidade. O evangelho do Reino declara as boas novas da vinda do Rei que estabelecerá Seu Reino, em poder, sobre a terra. Aqueles que vierem a crer no evangelho do Reino quando for pregado, e forem preservados durante a tribulação, entrarão no Reino para usufruir de suas bênçãos sobre a terra. Trata-se do mesmo evangelho que era pregado antes do Pentecostes por João Batista (Mateus 3:1,2), pelo Senhor Jesus Cristo, o Rei (Mateus 4:17), e por Seus discípulos (Mateus 10:7). ]