O Velho do Casaco Cinza

Enquanto pregava no Salão de Reuniões em Bournemouth, fiquei muito interessado em um velho senhor vestido com um longo casaco cinza e roto. Eu já havia conversado com ele várias vezes. Ele era como alguém que já tivesse chegado diante do Senhor à porta do tabernáculo, mas que nunca tivesse colocado sua mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado (Lv 4). Nunca pareceu existir nele o vínculo de uma fé verdadeira no sacrifício do Filho de Deus. Eu estava falando sobre Romanos 7:1-3 e explicando a base sobre a qual não pode haver condenação para o crente que está EM Cristo. Expliquei que Jesus não somente tomou nossas iniquidades e as levou para longe, e que Deus O ressuscitou de entre os mortos, sem pecado, para nossa justificação; mas também que o pecado, a própria raiz de todos os pecados, tinha sido totalmente, e para sempre, julgada. "Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado (ou por um sacrifício pelo pecado) condenou o pecado na carne". (Rm 8:3) Portanto nada ficou para ser julgado. Após a pregação o idoso senhor aproximou-se, e disse:

— Agora vejo tudo. Agora tenho paz com Deus. Tudo já foi feito; meus pecados foram julgados e o próprio pecado de minha natureza foi julgado, condenado; e tudo está terminado. Nenhuma condenação.

Ele foi embora para o albergue onde morava, um humilde barraco. Sua vida tinha sido reduzida a nada; todos os seus filhos haviam morrido e ele perdera suas propriedades. Tinha chegado ali com sua última filha e abrira uma loja para ela com os últimos recursos de que dispunha. Mas os negócios fracassaram e a filha morreu. Ele já não tinha um centavo, mas naquela noite voltou para o albergue justificado de todas as coisas; e ele sabia disso e tinha paz com Deus. Sentou-se numa poltrona e contou às pessoas que moravam com ele que agora tinha paz com Deus; agora estava pronto para partir. Sua cabeça pendeu para trás e, calmamente, seu espírito partiu. Partia para estar para sempre com o Senhor.